Pesquisa da UFV identifica molécula capaz de conter replicação do vírus da Covid-19
Ainda assim, a depender das concentrações da molécula, a inibição pode não ser significativa e a multiplicação viral pode se intensificar

Pesquisadores vinculados ao Departamento de Informática (DPI) da UFV encontraram diversas moléculas promissoras no combate à replicação do vírus causador da Covid-19, responsável por matar mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo. Em uma ação conjunta, as equipes do Laboratório de Bioinformática e de Imunovirologia perceberam que uma molécula específica é capaz de identificar as replicações do vírus, de modo a propiciar o impedimento da multiplicação.
A molécula ambenônio, que é um medicamento utilizado para tratar uma doença chamada de Miastenia Gravis, foi encontrada através de um sistema de algoritmos da computação. Este sistema foi desenvolvido pela equipa da professora da UFV Sabrina Silveira e cria modelos que “ensinam” as máquinas a selecionar dados em meio à milhões de informações existentes em uma determinada base.
Com isso, Juliana Ângelo, autora do trabalho e doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação, foi avaliado o comportamento da molécula em contato com o SARS-CoV-2, um tipo de variação da Covid-19.
No Laboratório de Imunovirologia da UFV, sob coordenação do professor Sérgio de Paula, foram testadas várias concentrações do fármaco, a partir da avaliação de seu comportamento, para observar seu efeito na replicação viral e determinar ainda mais sua atividade moduladora.
Já um experimento de cultura celular, que tem por objetivo verificar a citotoxicidade do ambenônio em células de mamíferos e avaliar a resposta viral a esse composto, foi realizado no CT Vacinas da UFMG, com apoio do professor Flávio da Fonseca. Segundo Juliana, nesta fase é preciso realizar os experimentos em um laboratório com nível máximo de biossegurança, evitando possíveis problemas ou desastres biológicos.
A partir dessas análises, foi constatado que a molécula conseguiu reduzir a atividade viral, ao mesmo tempo que se mostrou eficaz na contenção de replicação do vírus. Ainda assim, a depender das concentrações da molécula, a inibição pode não ser significativa e a multiplicação viral pode se intensificar.
De acordo com a UFV, os resultados ainda trazem luz sobre os diferentes desfechos clínicos de infecções pelo SARS-CoV-2, mostrando a possível influência de fármacos no aumento da replicação viral e, consequentemente, na virulência e patogenicidade.
Os resultados indicam que o ambenônio pode ter um efeito modulador na replicação do SARS-CoV-2 em concentrações específicas, o que orientará futuras pesquisas sobre terapias antivirais. “Embora não se possa recomendar o uso clínico do ambenônio para a covid-19 com base apenas neste estudo, ele pode contribuir para os estudos nesse sentido e ser utilizado em experimentos laboratoriais como modulador da atividade da main protease”, afirma Sabrina Silveira.
As conclusões do trabalho foram publicadas na Revista Scientific Reports, que faz parte da Nature Portfolio. A equipe também já solicitou um depósito de pedido de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial para o uso do ambenônio para modulação da protease 3CLpro do SARS-CoV-2.
Comentários (0)
Comentários do Facebook